E me veste como um guizo de prata
Balança, sacode, chacoalha
Esfria, molda e transforma, sempre volta à sua forma alquebrada.
Ora terráqueo, ora celeste, ora infernal
Acalma, acode, afaga
Até a próxima tempestade invernal.
Até lá, o sol que me derrete,
Camada por camada do gelo visceral,
Esguia-me do mundo faroeste,
Que é, senão, o meu quintal.
E o frio que me treme e me espreme,
Que sufoca da minha espinha à minh'alma,
Vai te embora ante o sol solene
E regressa à minha falta de calma.
Pragueja, freme, bate os dentes,
Vede a pólvora do último rastilho.
E a verdade dolorosa que se sente
Desmorona e se dissipa num só brilho.
Tristan A. - 04/agosto/2017