domingo, 4 de fevereiro de 2018

Ciclo Inescapável: pt I - Orgulho



Vens te gabando só para si mesmo
Através de orgulhos pouco relevantes
Como todo coração que a bater, exige um preço
Seria um erro fazer dele símbolo de amantes.

E de tão simples eles serem; miseráveis
É como se te rebaixasse drasticamente o nível
Por fazer coisas que deviam ascender, prescreverem
Sob algo que deve ser esquecido, invencível.

E vês as folhas que deviam germinar, morrerem
Culminando no reverso do compreensível:
Odiar-se por tais orgulhos te enaltecerem
E amar-se por, no entanto, sentir-se incrível.

Mas a fagulha que se acende, se apaga,
Mais rápida que um peão completa o giro;
Saberás, como todos, reconhecer a carne fraca
Mas se esquece do coração que é de vidro.

E não há fórmula que é tão santificada
Capaz de desaparecer com essa lacuna
Não há tormenta nem desilusão que se desfaça
E não há decepção que suma e não volte com mais uma.

E verás em cada pessoa, a pessoa errada
Porque seu coração à solidão ficou devendo
E se afeiçoou com cada das muitas lágrimas
Quando habitual se tornara a condição de estar sofrendo.

Eis que começam a pedir pra te escutar (mas não escutam!):
Apólogo do interesse fajuto.
O oco da inquietação que te acuda!:
As perigosas palavras do cego ao surdo.

E no silêncio mais profundo, você grita.
E no barulho mais intenso, fica mudo.
Como a percussão que reconhece o artista
Dono da arte de se lamentar por tudo.

Ódio, ela disse, é uma tolice
E o amor, ela reflete, é uma piada
Ainda que sabendo, você risse:
Sentia os dois por bem menos do que nada.

Mas na efemeridade da glória e do triunfo
Onde jaz tantas noites sem calada...
Nas tragédias que se sucedem segundo após segundo
Escondem-se os motivos que precedem sua jornada.


Tristan A. - 01/dezembro/2017

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