Escuro com dourado parece-me a descrição certeira;
Palco daquela sensação flagelante e rasteira;
Chamada Morbidez.
Dourado, porque seus fios claros de titeriteiro
Emaranharam-se, obstinados, ao nevoeiro
Chamado Insensatez.
Escuro, pois antes de você: minha concórdia
No meu coração, preso em discórdia
A negridão não se desfez.
Mas mês a mês, enquanto descri até da descrença
Pouco a pouco eu senti sua presença
Clara, calma, límpida e densa, reduzir minha pequenez.
Agora, quando sorrio, os céus, quem sabe, choram...
Porque esse milagre, vestido de plano, embora
Seria vacilo divino, creio eu, ser bom demais pra ser cortês.
Dia a dia, as conexões que chocam e se chocam
Desmoronando apreensões quais dos traumas se invocam
Posso ver por trás das rochas quais repousa, minha aclamada lucidez.
E hora a hora, agora a agora, me recorda
Desde que a tormenta me fechou na cara, a porta
O bem que segurar sua mão me fez!
Tristan A. - 08/outubro/2017
para D. Fucsek