quarta-feira, 31 de maio de 2017

Resenha: Armada - de Ernest Cline

"Ninguém vai forçar você a lutar. Se ainda quiser voltar para casa depois de ouvir as instruções, é só dizer. Eles vão colocar você em outra nave auxiliar para levá-lo de volta à Beaverton: um assento de primeira classe no Expresso dos Covardes."




Atenção! Essa é uma resenha dos tempos em que o autor ainda não sabia ser formal.


 Antes de ler esse livro, gostei muito do Jogador Número 1, que traz um universo encantador, surpreendente e nos faz refletir: o que fazer com a nossa vida?

 Então decidi dar uma chance à Armada, apesar de após ter lido a sinopse eu ter pensado que seria um livro bobo, sobre um garoto que idiotamente salva a terra jogando vídeo game, mas não é.

 Armada nos apresenta um garoto comum, mas acorrentado em um mistério lhe deixado de herança, o qual se recusa a tentar desvendar desde a sua infância, até que algo surreal acontece bem diante de seus olhos, fazendo com que o garoto retome as questões herdadas que tanto teme e comece a se questionar sobre o que é lúcido e insano e o que é possível e extravagantemente incoerente.

 Primeiro, é incrível o modo com que Ernest Cline conseguiu fazer aceitável sua fantasia. Diversas vezes me peguei fazendo as mesmas perguntas que Xavier e Zack “E se a indústria de vídeo game realmente visa esse intuito? É perfeitamente plausível!” e diversas vezes tive que me responder “Para de viajar, isso é um livro!”. Mas confesso que, embora não preocupado, não sou completamente cético dessa teoria, afinal, faz um sentido da porra, não é? ou não? (Será que estou viajando de novo?)

 Enfim, logo não há mais escapatória e Zack Attack é forçado a encarar a realidade de frente, e é aí que a trama começa a ficar interessante. Segredos são revelados à medida que outros surgem, e incoerências que sempre estiveram junto aos mais entendidos começam a ser desvendadas uma a uma até que eu percebo:

 Armada, além de suas revelações impactantes, sua história bem desenvolvida, sua dose bem aplicada de drama e - na minha opinião - seu enredo fodasticamente inovador, traz um questionamento imensamente mais amplo do que refletir sobre si mesmo; refletir sobre a raça humana. Sobre o modo primitivo que pensamos e sobre as escolhas precipitadas que fazemos, visando unicamente e desesperadamente nosso bem estar, sem nos importarmos com a corrupção da nossa índole e caráter, consequente dessas escolhas. Logo, porque somos tão egoístas e incapazes de pensar no próximo da mesma maneira que em nós, somos também nossos próprios inimigos.

 Armada é um sopro de comédia, uma tempestade de drama e uma enxurrada de ação. É amor e ódio, com gosto de irracionalidade, incompreensão e ao mesmo tempo perdão e sabedoria. É sacrifício, angústia e raiva. Contudo, é também proteção, felicidade e compaixão. É uma sugestão a ver o que há de melhor nas pessoas.

 Mais que isso, Armada é uma ironia incomparável de como, sem mesmo conhecer seu pai, Zack o odiava e o amava simultaneamente sem saber.

Obrigado e...
"De nada!"

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